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Considerações sobre a Pena de Morte 2 – Contraponto

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A Bárbara escreveu um artigo dando sua opinião sobre a Pena de Morte. Os redatores têm total liberdade de escrever sobre um assunto sob sua perspectiva, desde que mantendo a postura geral do site. Ou seja, eles podem ser totalmente contra ou a favor sobre itens como a pena de morte, mas será muito improvável que textos defendendo o Criacionismo apareçam por aqui. Meu blog, minhas regras.

Claro está que dois ou mais redatores possam divergir sobre um tema, mas mantenho a liberdade de expressão, mesmo porque, só dou status de redator de artigos quem eu acho que tenha capacidade para tal. O que não impede, obviamente, que eu contraponha algumas opiniões. Então, vamos ao meu ponto de vista sobre o referido assunto.

O assunto da Pena de Morte voltou à baila por causa daquele traficante vagabundo que foi preso na Indonésia com 15 (Q-U-I-N-Z-E) quilos de cocaína escondida, mas acabou grampeado pela polícia, ficou preso, foi julgado e sentenciado ao fuzilamento.

Antes de prosseguir, deixem eu dar a minha visão do ocorrido: MORREU TARDE!

As pessoas partem do princípio errado. Aliás, de vários princípios errados ao analisarem pena de morte.

Primeiro, acham que qualquer um será executado. Não, não será. Pena de Morte é simplesmente dar cabo de um mal sem conserto. Se alguém rouba um relógio, ele cometeu um delito. Precisa ser ensinado que roubar é errado. Quando alguém dirige mal e atropela alguém, precisa-se avaliar o que causou o acidente. Imperícia? Alcool no sangue? Racha? Mas isso é diferente de um traficante de drogas que controla uma favela e manda matar qualquer desafeto, impõe toque de recolher na comunidade e assassina qualquer um que ele imaginar que está contra ele.

Tomemos o caso do Fernandinho Beira-Mar. O poder e dinheiro que ele tinha lhe foram tirados. Ele cumpre a pena (no Brasil, por mais que você seja condenado a 800 anos de prisão, não pode ficar mais de 30 anos na cadeia) e depois o que acontece? Ele sairá do presídio como um modelo de moral e bons costumes? Você daria um emprego a ele? Você iria querer que ele trabalhasse na escola de seus filhos? Você acha SINCERAMENTE que ele aceitaria trabalhar por um salário mínimo, mesmo que alguém o empregue?

Vejamos o caso do Bandido da Luz Vermelha. Ele foi preso em 8 de agosto de 1967 na cidade de Curitiba e foi condenado por quatro assassinatos, sete tentativas de homicídio e 77 assaltos, com uma pena de 351 anos, 9 meses e três dias de prisão. Foi acusado de estupro, mas nunca conseguiram provar. Por algum motivo que eu nunca consegui entender, fizeram filmes e a imprensa o tratava como uma personalidade.

O cara seria solto em 23 de agosto de 1997, mas uma liminar concedida pelo então segundo vice-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, o desembargador Amador da Cunha Bueno Neto, o impediu de sair, a pedido do Ministério Público. No dia 26 de agosto, porém, depois de analisar novos laudos médicos realizados pelos psiquiatras que cuidavam dele, Cunha Bueno revogou a liminar e "Luz Vermelha" ganhou as ruas.

João Acácio seguiu para Curitiba, para a casa do irmão Joaquim Tavares Pereira, e tentou matar seus familiares. Foi para a casa do tio José Pereira da Costa, o mesmo que fora acusado por ele de maus-tratos, onde novamente houve uma tentativa de assassinato. Passeou por bordéis, atacou algumas mulheres (sem sucesso) e acabou morto numa briga de bar.

30 anos preso não o fez ser uma boa pessoa? Faríamos o que, com ele? Prisão perpétua? Por que prisão perpétua é mais humana? Mas, voltemos ao caso do sujeito preso na Indonésia. Sabe a cocaína que ele estava transportando, há ANOS, lá? É a mesma cocaína que para nas ruas e vielas das grandes cidades. A mesma cocaína que leva a assaltos, guerra de traficantes, conflitos armados e guerrilha urbana. A mesma cocaína que será oferecida ao seu filho, que acabará sofrendo com a dependência e poderá se tornar soldado do tráfico, que assaltará pessoas nas ruas e não terá nenhum amor pela vida humana.

Então, os defensores de bandidos, digo, os críticos da Pena de Morte começam o apelo emocional da família do condenado. Ok. Ninguém aqui é idiota e espera ver seu filho ser morto por ter sido condenado pelas leis vigentes que foram transgredidas por ele. Deixe-me falar então de dor, como a mãe do João Hélio. Em 2007, um carro foi assaltado. Mãe e filhos foram ordenados que saltassem. A mãe tentou soltar seu filho ainda preso com o cinto de segurança. Seu nome era João Hélio. Os criminosos não perderam tempo. Arrancaram com o carro, o menino pra fora, ainda preso pelo cinto de segurança.

As cenas, segundo testemunhas, era de terror. A criança foi arrastada pelo asfalto, batendo no carro. As pessoas desesperadas gritavam, um motociclista tentou acompanhar o carro, avisando os bandidos da criança. Eles riram e continuaram. A criança virou carne moída. O que você faria com esses bandidos? Anos em detenção? Não foi um simples roubo de carro. Foi assassinato com requintes de crueldade.

Ah, mas matá-los é apenas vingança!

Mas qualquer sistema de punição é uma vingança, em que você faz o outro lado passar por uma situação desagradável e ensinar algo. No caso de matar pessoas com o delito descrito no caso do João Hélio, é eliminar da sociedade um mal, um câncer sociológico. Deixe-me contar outra história. Uma história de amor. A história de Liana Friedenbach e Felipe Caffé.

Eram um casalzinho como outro qualquer. Foram viajar para a zona rural de Embu Guaçu. Champinha e um tal de Pernambuco os encontraram. Chamaram outros comparsas e o teror digno de Stephen King começou. Isso foi entre entre 1 e 5 de novembro de 2003. Champinha comandou a morte de Felipe e a tortura de Liana por vários dias, com múltiplas sessões de estupros, para depois ser morta também. Felizmente, para os agressores, Champinha, coitadinho, era um menor indefeso. Assim, ele foi pra Fundação Casa. Preso? Medidas de punição? Sim, isso mesmo. Uma perfeita punição para um menor assassino, estuprador e psicopata é…

Regar plantas.

Quando ele sair, estará com a ficha limpíssima. Ele aprendeu a jogar xadrez, é um homem íntegro agora. Você, claro, dará um emprego a ele. Os pais de Liana e Felipe? Temos que entender que Champinha foi vítima. Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, ele é tão vítima quanto o casal, pois ele estava presenciando o crime. Mesmo porque, ele tinha que presenciar se era ele quem estava chefiando as atrocidades. Quer levá-lo para sua casa?

O contraponto à pena de morte é citar países como a Suécia e a Finlândia. Sim, porque faz muito sentido comparar um país de 9 milhões de habitantes, junto com outro de menos de 6 milhões de habitantes, em que pese que a cidade do Rio de Janeiro possui quase 7 milhões de habitantes, tendo a cidade de São Paulo cerca de11 a 12 milhões de habitantes. Vamos pegar o exemplo da Inglaterra, então. Na Inglaterra, como no Japão, a polícia não usa armas. Pense você sendo policial de uma grande cidade brasileira e não poder andar armado.

Mas você acha justo matar outro ser humano?

Não, mas não considero maníacos psicopatas como seres humanos.

Mas e se filho seu fosse o criminoso, hein?

Eu sentiria uma dor e um alívio. A dor de saber que minha criação não resultou numa pessoa honesta e de princípios, mas num monstro. O alívio será saber que outros país poderão dormir seguros, sem que seus filhos sejam vítimas de um cruel assassino.

Mas e o Brasil?

Não, eu jamais gostaria de ver o Brasil com Pena de Morte. Por quê? Porque o povo AMA bandido! Olhem os filmes brasileiros. O único policial herói mesmo foi o Vigilante Rodoviário e o Capitão Nascimento. Somos um país em que se faz vaquinha para soltar o José Genoíno e ficam defendendo a inocência que ele não tem. Somos um país em que roubo de galinha vai parar no Supremo Tribunal Federal. Não temos condições de decidir nada, mas só para finalizar, deixem-me salientar uma coisa aos que defendem que basta os bandidos ficarem presos: Eles comandam assassinatos de lá [1] [2] [3] [4]. Tenham um bom dia, meus queridos. Batam as solas dos seus sapatinhos e digam: Não há nada melhor que morar no Brasil!

Para mim, eliminar bandidos do seio da sociedade, de uma forma geral, não é uma questão de direitos humanos. É questão de higiene. Se você pensa o contrário, tente conversar com um bandido na próxima vez, mas sabemos que se você estiver com sua família sendo ameaçados por criminosos, não vai rezar para aparecer alguém da OAB e sim o Rambo, passando o rodo em todos eles.

Sobre André Carvalho

και γνωσεσθε την αληθειαν και η αληθεια ελευθερωσει υμας


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